quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Forte da Peniche



Para a história do forte de Peniche fica a memória da fuga de 10 presos políticos, entre eles estava Álvaro Cunhal,bem como a fuga de Dias Lourenço.
"Em 1960, a última coisa que Salazar precisava para animar a eterna contestação do Partido Comunista Português ao, também, eterno regime ditatorial do Estado Novo era esta fuga. A prisão, na casa do Luso, de Álvaro Cunhal, Militão Ribeiro e Sofia Ferreira em 1949 fora uma glória para a actividade da polícia política, que reforçara os seus poderes e actuação a qualquer preço. A fuga, por seu lado, era uma glória para a máquina partidária que sobrevivia na clandestinidade mesmo com constantes quedas de militantes.

O dia 3 de Janeiro de 1960 não era o marcado para a evasão do forte de Peniche, mas uma mudança de guardas obrigou a antecipar em uma semana a "operação". Pelas 16.00, no largo frente à prisão, o actor Rogério Paulo deu o sinal de início: abrir e fechar o porta-bagagens do carro de modo a que os presos das celas do lado norte o vissem. A seguir ao jantar, pela 19.00, os guardas apitaram a dar ordem para os presos voltarem às celas. Começa aqui o primeiro ponto crítico, quando Álvaro Cunhal regressa ao Pavilhão C sob a escolta de um guarda prisional. O fugitivo Guilherme Carvalho aproxima-se e adormece com uma toalha embebida em clorofórmio o guarda, que desmaia. Os dez detidos que vão fugir dirigem--se, então, para a porta do refeitório que dá para o exterior do forte. É o segundo momento crítico, para o qual contam com a conivência de um dos guardas, Jorge Alves, a quem o PCP pagou uma avultada soma (150 contos) para utilizar a sua posição de vigilância e o seu capote para fazer atravessar os detidos até ao muro que os separa da liberdade. O terceiro momento crítico dá-se quando o GNR se apercebe que em vez de cinco ou seis presos tem dez e foge ele mesmo pelos lençóis que permitiam aos detidos escorregar parede abaixo. Mesmo assim, conseguem realizar a fuga espectacular que abalou o regime e marcou a agenda da contestação." "in DN"

A Fuga do Segredo de Dias Lourenço
Dias Lourenço foi um dos muitos presos políticos que passaram pela Fortaleza de Peniche durante o período do Estado Novo. Contudo, este prisioneiro protagonizou uma das mais marcantes fugas deste local, uma vez que o fez sozinho, durante a noite e em pleno mês de Dezembro.
Às duas da madrugada, depois de estudar as rondas dos guardas e desfiar um cobertor para o transformar em corda, Dias Lourenço acabou de desfazer a porta da “solitária”, situada no segredo, onde foi encarcerado por medida disciplinar depois de provocar propositadamente um guarda prisional, e mergulhou despido num mar frio e revolto, com uma trouxa de roupa no braço esquerdo.
As ondas e a maré vazante demoraram-no uma hora e meia a percorrer os 400 metros que distavam a costa. Aí chegado, teve a sorte de contar com a solidariedade de populares que o ajudaram a fugir numa camioneta de peixe.




O forte de Peniche como muitos outros monumentos nacionais esperam por melhores dias a nível da sua restauração, na minha visita ao forte achei engraçado o método prático que desenvolveram para as casas de banho, a cagadeira tinha uma saída directa para o mar, com este método inovador não era necessário esgotos.

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